segunda-feira, 28 de novembro de 2016
Fonte Nova
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sábado, 26 de novembro de 2016
Reverso X
depois ela ligou pois
esquecera
a solidão
na segunda gaveta da cômoda
achei
uma caixinha
em formato de coração
liguei
ela recomendou que não
abrisse
e que
por favor
olhasse se esquecera de mais
alguma coisa
“sai tão apressada”
justificou
algumas mágoas muitas
lágrimas
segredos irrevelados
uma canção interrompida um
beijo que deveria ter sido dado
ciúmes risos gargalhadas
restos de felicidade
recados deixados no espelho
do banheiro
o batom borrado pelo vapor
será que ela ia querer
o do espelho da sala
simplesmente dobrei
e guardei dentro de um livro
de Haruki Murakami
“não tem como
voltar atrás você sabe”
segunda-feira, 14 de novembro de 2016
Bé
Era só Bé que bem reparado nem nome direito é.
Sabia-se que era filho de Neném Magarefe, beque central do afamado
Alfaiates Futebol Clube, terror da Baixa do Brejo, subúrbio ferroviário. E só.
Bé não só herdou o apelido como a fama do pai para quem, em babas ou
jogos oficiais, “tanto faz”, do pescoço pra baixo tudo é bola.
- E né pra não sê não? - perguntava com um sorrisinho sorete.
A propósito, contam que ficou famoso de mesmo depois que fez um teste no
Bahia, seu time do coração, levado pela mão apadrinhadora de Everildo Oliveira.
- Não fiquei não foi porque não fui aprovado não, hum...
E bravateava.
- Os cara de sacanagem, vê se num foi não, mandaro eu marcá um tal de
Marcorélio, ponta esquerdo que vei do Framengo. Ai na premera bola ele puco,
passou por debaixo de minhas perna e se picou... Na segunda eu caí de bunda no
chão... Olhei pros home, tudo com cara de desaprovo.
Aí eu disse comigo mesmo vem sacana, vá...
O cara parece até que escutou, pegou a bola, balançou, deu uma risada pra
minha cara, e olhe qui eu fico puto quando nego ri pra minha cara, e ameaçou,
somente ameaçou porque na segunda balançada peguei de rijo, dei um chega pra lá
que o desinfeliz foi cair lá na casa da disgraça…
Para, olha para os interlocutores e pergunta: “Tava certo ou num tava?”.
A foto com a camisa do Bahia no dia do treino até hoje é mostrada
orgulhosamente, mesmo que ninguém duvide da história.
Mora a um tiro de canhão do Bar de Mano o que muito facilita os “peraí
qui eu amostro”.
Eis que num domingo depois do BAVI, como era
de lei, Bé parou no Bar de Mano pra tomar uma e tirar um sarro, mesmo o jogo
ter terminado num zero-a-zero morrinha, mas que o deixou quase sem voz.
- Nem um gol sozinho, porra!
O bar tava lotado. Gritos, cantos, risos, gozações, afinal o Bar de Mano
afamou-se justo por ser um espaço etílico-desportivo tão democrático que o tira-gosto
principal, “pititinga frita no dendê com aipim frito na pimenta”, tem o nome de
BAVI.
Foi saudado como nunca fora nos muitos anos que frequentava o lugar.
Desconfiado, chamou dona
Dedé no cantinho e indagou.
Não tinha visto sua foto no jornal ao lado de Ronaldo Fenômeno, quando
ele visitou a Arena Fonte Nova¹ em cuja
obra trabalhava com orgulho e dedicação “fazeno a nova casa do Esquadrão”.
Pegou o jornal, olhou, reolhou, sorriu, emocionou-se, pediu um cambuí e
desligou num canto do balcão.
De repente Neném Carpinteiro chega junto de Bé e ergue o copo como se
brindasse:
- Você sabe que Ronaldo prometeu um jogo com vocês quando a Arena ficar
pronta?
O silêncio foi na conta de Bé dá um gute no cambuí e avisar pra galera.
- Só não me bote pra marcar aquele porra não, qui eu não vô dá mole!
_____________________
¹O Complexo Esportivo Cultural
Octávio Mangabeira, conhecido como Arena Fonte Nova ou Itaipava Arena Fonte
Nova, substituiu o estádio Octávio Mangabeira, carinhosamente chamado de Fonte
Nova, inaugurado em 28 de janeiro de 1951. No dia 4 de março de 1971, foi
reinaugurado depois da construção de um anel superior que elevou sua capacidade
para 80.000 torcedores. Implodido no dia 29 de março de 2010, foi reinaugurado
no dia 5 de abril de 2013, recebendo jogos da Copa das Confederações de 2013 e
da Copa do Mundo de 2014.
(Causo, de Bola Dividida)
sexta-feira, 11 de novembro de 2016
Bem-casado
Tudo indicava que aquele seria um dia muito especial. Do
jeito que o diabo gosta, como gostava de dizer. Observou os ônibus e escolheu
um sem cobrador. Quando o ônibus entrou por uma via pouco movimentada, anunciou
o assalto. Arma em punho foi fazendo a limpa: dinheiro, relógio, celular e tudo
mais que tivesse valor. Aceito boné e tênis, desde que tenha grife. Baixa a
cabeça, porra! Ninguém pode olhar pra minha cara não que dá azar! Estava
descendo quando observou que uma senhora colocou um pequeno embrulho na bolsa.
Qué issaí, tia? É um docinho que vou levando pra minha netinha. Sabe que eu
gosto muito de docinho? Arranca o pacote da mão dela e come gulosamente. Moço
chegou meu ponto posso descer? Ele hesita, mas permite. Ela levanta e com muita
dificuldade se arrasta até a porta, tempo suficiente para que o meliante comece
passar mal. Peraí motor que nestante ele morre. Eu ia levando pra minha filha
que descobriu que o marido tava traindo ela. Ele é louco por esse doce.
(Contarelo, de As Culhudas de Seu Portelo)
segunda-feira, 7 de novembro de 2016
Fonte Nova
Panorama Internacional Coisa de Cinema
Fonte Nova chega nos cinemas.
Domingo (13/11) e Segunda (14/11)
Não deixe de ir. Leve os amigos
Fonte Nova chega nos cinemas.
Domingo (13/11) e Segunda (14/11)
Não deixe de ir. Leve os amigos
O franco-atirador
Para João Paulo Maia Mendonça
Como era de costume, todo dia e
como sempre, parava na porta da escola.
Ficava espreitando pela fresta do
portão, sonhando coisas que só ele sonhava.
Ninguém
nunca o vira sorrir.
Um
dia ganhou um revólver.
Postou-se
na pracinha que tem em frente à escola, e se escondeu atrás de uma árvore.
Ninguém achou estranho, pois estavam acostumados a vê-lo todo santo dia.
Apontou
o revolver para as crianças que saíam da escola.
Sorriu.
A arma era de mentira, mas o ódio era de verdade.
A arma era de mentira, mas o ódio era de verdade.
(Miniconto, de Poucas Palavras)
No dos outros é refresco
Pimentas Foto de Geraldo Portela |
“Esse molho arde?”
Essa pergunta é feita com muita freqüência por aqui, porque para nós
baianos todo molho é de pimenta e o resto é caldo, que de resto é molho, ou
seja, lá pelas bandas do sul, mas sob o mesmo céu de anil.
Por isso aqui na Cidade da Baía é comum se ouvir: “bota uma colherinha
do caldo dessa carne, aqui” ou “bota um tiquinho do caldo dessa moqueca, mãe”
ou ainda “gosto muito de fígado [bife de fígado] com arroz e um caldinho por
cima”.
Todavia, um parêntese se faz necessário para contar que quando
Pedr’Álvares chegou por aqui naquela ensolarada tarde de abril e foi recebido
por aquela gente alegre e festiva ficou sem entender o porquê de tanta alegria,
pois esperava encontrar um povo carrancudo e hostil como o de alhur. Nem
desconfiava o gajo que aquela gente tinha aquele jeito alegre de ser porque comia
pimenta, muita pimenta, de tudo quanto era jeito, forma e qualidade, já que a
dita abundava como abunda nos quatro cantos da outrora terra de Santa Cruz.
Estudos posteriores revelaram que a pimenta faz muito bem à saúde, por diminuir
o estresse, aumentar o tesão, combater a depressão, reduzir o colesterol, elevar
a sensação de euforia o que da para entender a malemolência e o bom humor dos baianos
maldosa e preconceituosamente confundidos com preguiça e irresponsabilidade.
“Esse molho arde?”
Não fique esperando a resposta. Apenas observe atentamente seu
interlocutor para não cair no esparro, porque ela será dada de esguelha, com um
sorrisinho sorete.
Esclarecido, pois, vamos aos molhos com seus sabores, segredos e
fazeres, lembrando que molho nessa terra de Todos os Santos não é só uma
simples mistura de pimenta com ingredientes variados. Vai mais além, muito mais
do que possa imaginar a vossa vã gastronomia.
Há algo de ritualístico no
trato com essas frutinhas coloridas, de sabor inigualável, ardor apaixonante e
poderes misteriosos que viçam por esse Brasil afora deste antanho, a começar
pela vasilha em que o molho vai ser preparado que deve ser de barro não vitrificado,
um alguidar pequeno cai bem, no qual se coloca um punhado de sal, um bocado de
pimenta e se machuca [amassa ou rala] com um machucador de madeira até virar
uma massa uniforme à qual se juntam outros e necessários ingredientes de acordo
com o molho que se pretende fazer.
São mais de 100 espécies com picâncias variadas.
Nos quefazeres do dia a dia aqui na terra de Todos os Santos usam-se não
mais de três ou quatro variedades que dão cores e sabores especiais aos
comeres, sejam eles de mesa ou de tabuleiro, começando pela fantástica
Malagueta, pequena e fina, vermelha ou verde, com grau de picância variando de
50.000 a 100.000 unidades de Scoville¹;
a diabólica Cumari (cumarim ou cumbari) pequenina, vermelha, verde ou amarela
com 30.000 a 50.000 unidades; a aromática Pimenta-de-cheiro, amarela ou
vermelha, que mais se assemelha a pitanga com elegante picância de 10.000 a
23.000 unidades e a intrigante Dedo-de-moça (Chifre-de-Veado), comprida e
suavemente curvada na ponta, vermelha ou amarela, com picância entre 5.000 a
10.000 unidades.
Pronto para encarar?
Atá ou Molho de acarajé
Bote um punhado de pimenta-malagueta verde pra secar e machuque com sal,
camarão seco catado e um pedaço de jinjibre até formar uma massa uniforme. Ao
depois, aqueça azeite-de-cheiro e refogue a mistura deixando fritar um pouco.
[Atá, corruptela de ataré, nossa pimenta-malagueta em substituição a malagueta
africana]
Molho de pimenta-malagueta
Bote num alguidar um punhado de sal e machuque um bocado de
pimenta-malagueta verde, camarão seco catado e um pedaço de jinjibre até formar
uma massa uniforme. Aqueça azeite-de-cheiro, refogue um pouco de cebola picada,
junte a massa de pimenta, camarão e
jinjibre, misture tudo rapidamente e tire do fogo antes de levantar fervura.
Molho de pimenta-malagueta
tradicional
Bote num alguidar um punhado de sal, pimenta-malagueta verde,
pimenta-malagueta vermelha e machuque bem até formar uma massa uniforme.
Acrescente suco de limão para diluir e diminuir a consistência.
[Há quem acrescente rodelas
finas de cebola e/ou de tomate vermelho]
Molho com camarão
Pegue camarão seco catado, junte jinjibre, pimenta-malagueta verde,
cebola e passe tudo na máquina de moer carne com a peça número um. Ao depois,
misture tudo num alguidar com azeite-de-cheiro e deixe no fogo, sem parar de
mexer com uma colher de pau, até obter
um molho espesso.
Molho lambão ou Molho nagô
Bote num alguidar um punhado de sal, um pedaço de jinjibre, um bocado de
pimenta-de-cheiro, pimenta-malagueta verde, pimenta-malagueta vermelha, camarão
seco catado e machuque até formar uma massa uniforme. Acrescente
suco de limão e mexa para diminuir a consistência. Ao depois junte cebola,
tomate, pimentão, coentro e cebolinha, tudo bem picadinho.
[Há quem acrescente quiabo
e jiló cozidos]
Molho caseiro com vinagre
Bote num alguidar um punhado de sal, um bocado de pimenta-malagueta
vermelha e machuque bem. Ponha azeite doce, vinagre, mexa
um pouco para diminuir a consistência e junte rodelas de cebola e um raminho de
coentro para enfeitar.
Molho caseiro com alho e limão
Bote num alguidar um punhado de sal, um bocado pimenta-malagueta
vermelha e um dente de alho. Machuque até formar uma massa uniforme. Acrescente suco de limão e mexa para diluir a massa. Na hora
de servir, enfeite com rodelas de cebola.
Molho de Vovó Cora
Bote num alguidar um punhado de sal, pimenta-malagueta verde,
pimenta-malagueta vermelha, pimenta-de-cheiro e machuque tudo até formar uma
massa uniforme. Diminua a consistência com suco de limão e azeite doce para
carnes e peixes; com caldo de feijão para feijoada e com caldo de verduras para
cozido.
________________________________________
¹
Escala
criada pelo químico americano Wilbur Scoville. Cada “unidade Scoville”
refere-se à quantidade de vezes que um extrato de pimenta dissolvido em álcool
precisa ser diluído em solução de água e açúcar para ser neutralizado.
domingo, 6 de novembro de 2016
sábado, 5 de novembro de 2016
A última ceia
Durante toda a tarde daquela
quarta-feira dedicou-se aos preparativos do jantar encomendado com alguma
antecedência. Cuidou pessoalmente de cada detalhe. Acompanhou a preparação de
todos os pratos, das entradas de pão ázimo com especiarias e frutas
cristalizadas, ao prato principal - um peixe à romana com molho de alcachofras
de Jerusalém. Dedicou especial atenção ao Tatin de tâmaras com flores de
lavanda, a sobremesa preferida do Mestre.
Nada de vinho. Recomendou ao
sommelier que apenas dispusesse algumas jarras com água ao lado da mesa, como
pedira Felipe.
Pouco antes da primeira vigília
Maria de Magdala chegou acompanhada de
Felipe e Judas Iscariotes. Como sempre checou tudo com minuciosa
atenção. Conhecia o Mestre e sabia o quanto era exigente, principalmente nos
detalhes.
- O Mestre irá celebrar essa
ocasião apenas com os seus doze apóstolos, portanto nenhum serviçal deverá
ficar para servi-los.
Os apóstolos foram pontuais.
Sabiam que Ele não tolerava atrasos. Espalhados pelo imenso salão da casa dos
pais de João Marcos, emprestada para a ágape, tentavam entender por que quis
celebrar a Páscoa dois dias antes.
Acontece que corria à boca
pequena uma história atribuída a Lucas, “que sábado, quando pregava numa
sinagoga, disseram-lhe que Herodes queria matá-lo”.
A resposta do Mestre teria sido
desconcertante: “Digam àquela raposa, que eu estarei expulsando demônios e
fazendo curas hoje e amanhã e no terceiro dia terminarei minha missão”.
O burburinho que se seguiu chamou
a atenção do Mestre que se acercou do grupo.
- Um profeta não morre longe de
Jerusalém.
Jamais passaria pela cabeça dos
apóstolos que Ele sabia que seria preso nesta noite ainda.
No dia seguinte, à hora primeira,
tomou conhecimento da prisão do Mestre e que Judas Iscariotes, encarregado de
pagar as despesas, havia se enforcado.
(Inspirado
em Lucas 13:31-32)
(Miniconto, de Poucas Palavras)
sexta-feira, 4 de novembro de 2016
Adágio
No meio da
travessia um estranho nevoeiro se abate
sobre a cidade formando uma cortina escura e espessa. As pessoas se assustam
Não entendem o que está acontecendo. A ofuscante escuridão desatina suas
mentes. Perdem a noção do tempo. Começam a caminhar sem rumo. Os fios da
memória se embaraçam, formam uma louca ciranda de vozes, de gestos, de imprecações.
De repente faz-se silêncio. Um silêncio ensurdecedor. Palavras se calam.
Ouvidos sangram. O caos se instala. O silêncio desperta o medo. O medo traz a chuva.
Uma chuva fina, fria e dilacerante como o vento norte que atravessa os corpos
impiedosamente. As pessoas procuram desesperadamente um abrigo. Correm de um
lado para o outro. A chuva aumenta. A noite avança célere rumo ao intérmino. O
nevoeiro ergue uma barreira intransponível. O mar oculta as razões da
travessia. As pessoas já não sentem medo, simplesmente porque nada mais faz
sentido. Nada.
(Segundo movimento de Sinfonia Insana Para Uma Cidade Intemporal)
Canjibrina
Tomou todas. Tinha que voltar pra casa, era o jeito. A
parceira, solidária, sacou a receita. O barulho do liquidificador quase
explodiu sua cabeça. Engoliu a beberagem tapando o nariz. Enguiou. Vá vomitar
lá fora quinda tô pagano o carpete. Deu conta da hora. Trocou de roupa às
carreiras. Nem se despediu. Cravo na boca, óculos escuros, pasta debaixo do
braço, nem parecia que tinha bebido. Cumprimentava todo mundo com o sorriso de
sempre. Inda bem que ninguém percebeu. Até ele achou que tava sóbrio. Dispensou
o elevador. Subiu a escada devagarinho. Seis andares. Suar faz bem nessas
horas. Quem abriu a porta foi a esposa completamente nua. Lembrou-se da data.
Todos os anos, no aniversário de casamento ela o esperava assim. Tirou a roupa
imitando um gogoboy. Tá usando calcinha agora? A vista turvou, o sangue gelou,
o corpo tremeu, a festa acabou. Só se lembra da mulher nua, aos prantos, toda
vomitada num canto do sofá.
(Contarelo, de As Culhudas de Seu Portelo)
Reverso XVI
três mulheres passeiam pelas
aleias de um imenso jardim
a de vestido de caça bordada
branco é louca
a de vestido de crepe de seda
azul natier é viciada
a de vestido de seda preto
esvoaçante toca viola da gamba
e mora com a mãe que é prostituta
que mantém a casa as filhas
os vícios e os segredos irrevelados
mas quando morrer vai para o
inferno
vaticina a tia-avó carpideira
que cultiva lembranças torpes
- que assim seja
não...
três mulheres passeiam pelas
aleias de um imenso jardim
a de vestido de caça bordada
branco conversa com um lorde inglês
que se prepara para ir à caça
da raposa
a de vestido de crepe de seda
azul natier debruça-se sobre a fonte ornamental
e se vê entre coloridos
peixes tropicais
a de vestido de seda preto
esvoaçante executa o 1º movimento do concerto para fagote solo de rossini e mora
com a mãe que é prostituta
que mantém a casa as filhas
os vícios e os segredos irrevelados
mas quando morrer vai para o
inferno
vaticina a tia-avó carpideira
que cultiva lembranças torpes
- que assim seja
não...
três mulheres passeiam pelas
aleias do imenso jardim
a de vestido de caça bordada
branco absorta-se lendo maiakovski num barco conduzido por um jovem indiano de
turbante branco com desenhos escarlates
a de vestido de crepe de seda
azul natier senta-se num balanço ornado de guirlandas róseas e borda pirilampos
enamorados
a de vestido de seda preto
executa o concerto em si menor para violoncelo de dvorák
e mora com a mãe
que é prostituta
que mantém a casa as filhas
os vícios e os segredos irrevelados
mas quando morrer vai para o
inferno
vaticina a tia-avó carpideira
que cultiva lembranças torpes
- que assim seja
não...
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